segunda-feira, 30 de julho de 2018

Você É ou ESTÁ brasileiro?

Você É ou ESTÁ brasileiro?

Você que teve condições de aprender outra língua, que tem a perspectiva de estudar em outro país, que assiste filmes americanos e europeus.
Você que conhece a história dos grandes impérios e já ouviu ou leu sobre os pensadores clássicos.
Que conhece as expressões de gregos e troianos.
Você que dirige carros americanos, japoneses, alemães, franceses e até chineses.
Você que prefere o campeonato europeu.
Que come comida chinesa, mas não abre mão da cozinha italiana.
Você que cultua os deuses africanos.
Sim, você que é cidadão globalizado e carrega o mundo na palma da mão.
Você sempre conectado, sempre "on line".
Enquanto digito essas linhas em apertado português, pergunto à mim e a você: Ainda és brasileiro?
Mesmo pensando em tudo que pode ter, ou tudo que pretende ser se brasileiro não for.
Mesmo educando nossos pequeninos para que o mais cedo possível se metam em intercâmbios e cursos de idiomas para, se Deus quiser, partirem para outras terras, outros povos, outros costumes e outro destino.
Quem sabe por lá se casem e sua descendência já não seja brasileira, mas sim de outras bandas.
Você que orgulhosamente diz ser descendente de qualquer coisa diferente do Brasil, poderá então vangloriar-se de que, de você, brasileiros também não descendem.
Assim, o Brasil é uma passagem, um momento a ser lembrado como exótico verão.
Então seria o Brasil ainda a mesma prisão de que temiam os primeiros portugueses.
Algo feito para ser temporário.
Pergunto: você ESTÁ brasileiro?
Será que irá deixar esta infeliz condição na primeira oportunidade.
Lhe desejo boa sorte então.
Vamos ficando os que não irão a lugar nenhum.
Os que não falam inglês e o próprio português é sofrível, do tipo que só serve para contar causo entre nós.
Vamos ficando e gostando de coisas simples. Achando graça de nós mesmos e assistindo a sua partida.
Mas antes de subir no avião, saiba que dói um pouco te ver partir.
É como aquela pessoa que foi criada com a gente e até chamávamos de irmão, mas vimos que não.
Os que são brasileiros, vão ficando por aqui se perguntando se são porque o são, ou se estão por falta de opção.
Se fôssemos brasileiros, seríamos um povo forte com uma grande e admirável nação.
Mas se apenas estamos brasileiros, a partida é questão de tempo e o ficar é conveniência.

Helton Fesan é advogado e escritor.

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