quinta-feira, 10 de fevereiro de 2011

PEÇO PERDÃO


Perdoem-me a ausência
É a esteira da vida que nos arrasta numa vertigem, que nos dá a Deus, que nos vende ao mundo.
Perdoem-me.
É o penetrar de corredores, o transpassar de porta, o carregar de pastas que por vez me ausenta de mim.
Perdoem-me, é o tempo, é o tempo...
Perdoem-me porque para perdoar cabe qualquer desculpa.
Perdoar é ato nobre que só fará bem a vossas almas e sabemos que somos nós todos prodígios neste mister.
Se não temos nobreza na compostura, na probidade, nas coisas simples e honestas, no mais básico sentido de cidadania é porque compensamos nossas falhas na divina capacidade do perdoar.
Perdoamos os nossos que estão acima, e assim nos perdoam quem está abaixo de nós.
Protelamos o cumprimento do dever por saber que seremos perdoados no prazo. Ao preço de futuramente também perdoarmos qualquer desídia.
Até a pena posta não nos é tão grave, pois, para ela e para a fuga também caberá perdão.
Peço o perdão sincero, que esquece totalmente a falta como se nada nunca tenha havido. O perdão que a cada eleição concedemos aos nossos políticos.
Perdoem a si e a mim. Pelo mal português, pois somos egoisticamente maus leitores.
Perdoem como deus nos perdoará depois e apesar de tudo. Perdoem a ausência e os pecados, sabendo que de outra vez não estarei, que outra vez pecarei.


Helton Fesan