segunda-feira, 2 de julho de 2018

TORCER é treinar a FÉ

Torcer é Treinar a Fé

Sentado com um pano de prato na mão, no mesmo sofá com o terço na parede, a padroeira ao fundo e a bandeira do Brasil na parede, Joaquim assiste a Lusa na final de 96.
Foi assim em 52 e a cena se repete, ano a ano a cada jogo importante.
A cada lance torce o pano como quem pode mudar o percurso da bola.
É um pequeno ato de fé. Torcer o pano e acreditar que isto vai desviar a bola.
O pano é o talismã, a repetição da cena é o ritual.
Quando torcemos alimentamos a alma de amor, de esperança e de fé.
Torcer é treinar a Fé.
Como tigres brincam com filhotes para ensiná-los a caçar, nós torcemos para treinar a fé.
Sabemos que, quando adultos, em muitos momentos tudo que nos restará é acreditar cegamente.
Acreditar no que não podemos provar, no que não se pode ver, no que ainda está por vir...
Essa é uma das pequenas sutilezas que nos fazem humanos, a capacidade de manipular a crença, de atribuir valor positivo ao fato futuro e diante de várias possibilidades, escolhemos acreditar em uma e tentamos atrair esse resultado com a força da mente. Então torcemos.
Um terço, um santinho, um copo d'água, velas de todos os tamanhos e cores, uma camisa, ou melhor, sempre a mesma camisa...
A beleza de ter Fé é que só humanos a tem.
Tenha fé, e nós, humanos, estaremos sempre na torcida.

Helton Fesan, escritor, advogado e torcedor.

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