quarta-feira, 11 de dezembro de 2019

NÃO É HUMOR, É HORROR!

Porta dos Fundos perdeu a mão e a NetFlix também.

Não vi o tal filme do Porta dos Fundos e não verei.
Só acho que hipocrisia é um dia bradar pedindo respeito para Mulheres, LGBTs, Negros e etc... E em outro momento ferir de forma grosseira a fé alheia.

Não é possível alguém defender a liberdade religiosa e aceitar que se ofenda a fé de outros.
Se causa dor, se causa tristeza, não é humor, é violência, é Bulling, É ERRADO.

Nesse ritmo voltaremos a aceitar piadas racistas, sexistas, xenofobicas...

NÃO.

Não precisamos e rejeitamos esse tipo de humor.

É triste lembrar que humoristas do Porta, como o Duvivier, já criticaram outros humoristas de direita como o Gentilli exatamente por usar o humor para encobrir ideias preconceituosas.

No campo político, a coisa é ainda mais séria, pois esse tipo de atitude desastrosa, de gente rica e fascinada por sua militância gourmet e mimada, onde se pode tudo sem maiores consequências reais, acaba por alimentar o crescente fascismo e discurso de ódio.

Isto porque não é humor, é horror.
Tão explícito e escatológico e sem talento que causa repulsa.

Daí apontam para uma estupidez destas e justificam todo tipo de arbitrariedade em nome do medo que sentem deste horror.

Daí a repressão, a censura, a arbitrariedade...

A sociedade que deveria lutar contra o retrocesso, fica anestesiada e acaba aceitando uma idéia de ditadura para se livrar do nojo que a debilidade de certos artistxs resolveu chamar de arte.

Ninguém é mais útil para o atual governo do que um artistx ruim, débil e equivocado querendo chocar.

Mais coerência nas ações por favor.

#humornaopodetudo
#dispensamosesseapoio
#liberdadereligiosa
#respeito

PIRRALHA


segunda-feira, 2 de dezembro de 2019

FUNK SE A LEI?

Você não gosta de pancadões. Entendo, também não gosto. Não gosta do funk atual? Ok, também não gosto.
Mas, vejamos o que diz a lei: 
Art. 5º Todos são iguais perante a lei, sem distinção de qualquer natureza, (...) inviolabilidade do direito à vida, à liberdade, à igualdade, à segurança e à propriedade, nos termos seguintes:
IX - é livre a expressão da atividade intelectual, artística, científica e de comunicação, independentemente de censura ou licença;
XVI - todos podem reunir-se pacificamente, sem armas, em locais abertos ao público, independentemente de autorização, desde que não frustrem outra reunião anteriormente convocada para o mesmo local, sendo apenas exigido prévio aviso à autoridade competente;

Temos acima a Lei máxima, nossa Constituição Federal, ou seja, não cabe apresentar decreto ou lei Estadual alguma para alterar o que está acima descrito.
Assim, o Pancadão é autorizado por lei. E se vão muitas pessoas, é porque muitas pessoas gostam.
Se o gosto é ruim, e ao meu ver é mesmo, é discutível. As pessoas que lá estão poderiam estar fazendo outra coisa? Poderiam mas não estavam e paciência, ninguém é obrigado a fazer ou deixar de fazer o que os outros acham.
Agora certos comentários são realmente difíceis de entender:
“Nesses pancadões acontecem vários crimes…”
Então os vários crimes devem ser inibidos e combatidos e não o pancadão em si, já que pancadão não é crime.
“O que um menino de 14 anos estava fazendo lá a essa hora?”
Primeiro,  dormir tarde não parece motivo justo para a pena de morte. Também o que ele faz não é da conta de ninguém além dele e de seus pais.
Por fim, não me lembro de alguma lei que estabeleça toque de recolher para adolescentes.
E não dá para se comparar todos os adolescentes pelo perfil do seu filho que está em casa com a barriguinha cheia de chocolate.
Novamente, é preciso lembrar das diferenças.
Agora uma frase que mais me impressiona: “Nesses bailes ocorrem putaria e prostituição”
Sério? Você jura mesmo que as pessoas gostam de sexo na cidade com o maior número de puteiros por metro quadrado na América Latina? (Essa frase é uma expressão fática, nunca parei para contar).
Queridos senhores e senhoras puritanas, preciso contar a vocês que prostituição além de não ser crime (O crime é explorar a prostituição), envolve pagamento.
Acredito que nesses bailes as pessoas se esfregam por pura troca de fluídos e não de dinheiro.
E ao que tudo indica, nem todo mundo acha que sexo é pecado.
Então estamos diante de uma patrulha moral.
Quando pensamos em todos os argumentos para uma “Guerra ao Funk” vemos que realmente é uma questão de imposição de princípios.
O problema é que princípios não se impõem, se pregam.
Daí pergunto: Quanto do seu tempo você doa para ensinar música de qualidade (segundo seu gosto) em alguma comunidade que gosta de funk? Você é voluntário em algum projeto? Ou acha que a doação de brinquedo no final de ano é suficiente? Na “Ordem” que você frequenta as reuniões com afinco, estimula a doar tempo ou a coisa se resolve em coquetéis para arrecadar fundos?
Você prega sua salvação pela presença ou está assumindo o papel de carrasco de Deus, empunhando o tridente diabolico e gritando venha pela dor?
Talvez, se convivêssemos mais com nossos desafetos, aprenderíamos preciosas lições de tolerância.

Dr Helton Fesan, Advogado, escritor e MC pra sempre.