sexta-feira, 3 de novembro de 2017

Quando o radicalismo te chama para dançar.


Demorei para me pôr à escrever este texto. Precisava pensar, me centrar e entender o que estava acontecendo e não falar bobagem.
Alguns tem medo de falar em público, eu tenho medo de escrever, de dar uma opinião ridícula qualquer sobre algum assunto e todos lerem aquilo repetidas vezes e saberem que o idiota que escreveu aquilo fui eu. É pior que a imagem do palestrante nu.
Em tempo de antagonismos é difícil imaginar opiniões que não exponham a nudez ideológica de quem se dê ao debate.
Esquerda e Direita política, Heteros e LGBTs, Judites e Marias…
Penso em mim como um exemplo de Brasileiro Médio. O resultado de uma criação sincrética religiosa mas predominantemente cristã. De pais pobres, de bairro suburbano no ABC Paulista.
Cresci acreditando em Deus, no trabalho como modo de vida, no estudo como caminho de ascensão. Frequentei quermesses, procissões, boates, forrós, pagodes e passeatas.
Fui CP no Senai e sim, fui de esquerda e fiz greve. Frequentei desde movimentos estudantis, até o Hip Hop…
Como se vê e como muitos daqui da região eu era essa mistura de tudo. Rígidos princípios que podiam se chamar de direita com militância genuína de esquerda. Cristão de novena e terço com benzedeiras e festa de Cosme e Damião no quintal de casa.
As coisas eram misturadas e facilmente entendidas. Daí uma tolerância natural às diferenças e diversidade.
Mas aí veio a internet e as redes sociais. Vieram os blogs, os vlogs e os textões.
Daí as idéias resolveram se divorciar litigiosamente. A esquerda decidiu que seria Esquerda mesmo.
Comunista de vermelho sangue, com o estado tentaculoso e faminto gritando que tudo é de todos desde que todos sejam do Estado. A diversidade LGBT foi convocada para não mais ser aceita e ocupar espaço. A ordem agora é se impor e invadir espaços como um híbrido cheio de ódio gritando que se a família não me aceita então não haverá família alguma. Negros, depois de tudo que alcançaram e já às portas da conquista maior, andam de costas e não mais falam o discurso de igualdade mas de ódio pelo branco, ódio pelos anos, ódio por tudo.
Daí, o homem médio sente medo. Se acua dentro de si e quando volta está pronto pra essa dança de morte.
Firma o pé Direito à frente de seu passo.
A mão Direita também se apresenta e nela tem um punhal.
Não se enganem, sim haverá sangue, sim haverá choro e a música será fúnebre.
É um convite maldoso e suicida.
Quem está acordando o que há de mais radical no conservadorismo do homem médio é o radicalismo insano de uma militância esquerdista insana.
Ocupar espaços é diferente de invadir espaços.
Quando se mexe com a família de alguém deve-se esperar a mais feroz reação. O que dizer quando se mexe com a família de todos?
Mas aí paro e penso melhor.
Já entramos, ao menos na internet, numa declarada guerra civil. Como em filmes de super heróis ninguém morre de verdade, mas até quando?
Quando irá demorar para essa disputa abandonar o campo virtual?
E a quem interessa essa polarização? Quem precisa desse clima de guerra para chegar ao.poder? Quem está atacando primeiro?
Mais uma vez aquela sensação de que não sei de tudo e de que alguém está jogando com as cabeças de nós pobres homens medianos…
Irmãos Medíocres, médios que nós somos, convoco a todos para que façamos o que melhor sempre fizemos. Não entremos na guerra pela guerra, nem busquemos o sangue de nós próprios. Não sejamos vítimas no tabuleiro dos que estão abaixo de nós, porque acima só temos e tememos à Deus.
Irmãos Medíocres, neste momento que nos convocam a odiar, eu vos chamo a Mediar.

Nenhum comentário:

Postar um comentário