terça-feira, 25 de abril de 2017

O IDEAL É QUE CONSIGAMOS ARTICULAR SEM CONSPIRAR


Nas minhas consultorias muitas vezes me pego na situação de guerra corporativa. Isto ocorre porque o setor jurídico de uma empresa estará sempre ou quase sempre ligado ao setor litigioso, ou ilustrando melhor, de guerra.

O Ambiente corporativo não é um ambiente de paz, muito pelo contrário, é um ambiente de concorrência, de disputa. Todos querem dar o seu melhor em busca de superar o outro.

O setor jurídico é uma espécie de casa de armas e o advogado um conselheiro de guerra.

Uma empresa sem Advogado está indo pra guerra desarmado.

O papel do advogado é proteger o empresário dos ataques e muni-lo para atacar.

Muitas vezes neste ambiente eu sinto muitos empresários com certo desconforto em uma situação muito comum no mundo corporativo: o momento de agir em segredo.

Em algumas situações de conflitos e disputas de interesse o empresário é obrigado a  fazer reuniões secretas, a discutir assuntos longe dos olhos e ouvidos dos concorrentes.

Às vezes, a situação fica mais indigesta quando o concorrente já foi um aliado, um sócio.

E no meio da disputa lá está o advogado.

O que fazer então?

Criei então por conta própria e experiência uma divisão que talvez lhe ajude no momento de crise de consciência.

Vamos separar o que é Conspiração do que é Articulação. A regra é Articular sem Conspirar.

Articular, para nossa explicação será o conjunto de movimentos e negociações para se obter um objetivo de negócio.

Conspirar, por sua vez, será o um conjunto de ações que induzam alguém ao erro com o objetivo de lhe prejudicar em um negócio.

Pronto, assim fica muito fácil você diferenciar o que é ético do que não em um movimento comercial que envolva o segredo ou o sigilo, coisas tão comuns e necessárias nas negociações de empresas.

Dando um exemplos:

Numa concorrência de preço é normal que a empresa esconda seus valores para poder fazer uma oferta mais atrativa do que a do concorrente. Também é normal tentar descobrir os valores do concorrente para tentar oferecer oferta melhor.

Isto é concorrência, é a guerra do mercado.

Agora pense que uma empresa paga uma propina para o responsável de compras para ganhar a concorrência…

Isto é Conluio, é Conspiração, é falta de ética.

Outro exemplo muito comum: Dois sócios de uma empresa não suportam mais o terceiro sócio e querem retirá-lo da empresa. É óbvio que as negociações para que isso aconteça não serão abertas. Primeiro para evitar desgastes e bate bocas. Depois para que esta disputa societária não destrua a vida da empresa.

Haverá reuniões entre os sócios, entre advogados, contadores e só quando se tiver um plano consistente de valores e propostas se colocará as cartas na mesa de forma mais evidente e definitiva.

A situação é incômoda mas não é antiética.

Antiético seria se os dois sócios se unissem para roubar a parte do terceiro sócio, retirando-lhe da sociedade sem lhe pagar o devido.
Ou que esses dois sócios ocultasse do terceiro uma grande negociação e comprassem sua parte antes dela se efetivar, pagando preço menor do que o devido. Percebe que houve engano? Isto é conspirar…

Com esta divisão de forma firme na mente, o empreendedor deve ter a consciência que ser empresário é tomar decisões difíceis que muitas vezes não são nem agradáveis nem bonitas.

Estamos falando de guerra e numa guerra pessoas morrem.

É normal e até bom, ficar meio pra baixo depois de uma disputa sangrenta. O general que não se importa com as vítimas não é herói, é sádico.
Mas é preciso saber de que lado se está nesta disputa e até onde se deseja ir.

O ideal é Articular sem Conspirar. O limite que deve saber é você.

Dr Helton Fesan

Consultor Jurídico

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