sexta-feira, 1 de julho de 2016

Ser Brasileiro é Muito Cansativo

O título deste meu texto é auto explicativo. Não para todos os brasileiros é verdade, já que existem duas camadas que literalmente não estão nem aí. Usando termos genéricos falo de uma elite festiva e acostumada a um ciclo de corrupção e tráfico de influência para seus negócios e na outra ponta uma população pobre, sem acesso à educação básica e tragicamente viciada à intervenções paternalistas do Estado.
Sobram como recheio deste sanduíche perverso um exército de Policarpo Quaresma após a decepção com Floriano. (Aliás, não suporto o livro de Lima Barreto pois acho que ele era vidente e adaptou minha vida - futura - para sua época).   
Desde que me declarei como futuro candidato a um cargo na Câmara de Vereadores de minha cidade tenho tido acesso a um mundo invisível aberto por um portal que desconfio nunca mais poder fechar.
Me sinto como no primeiro episódio da franquia do filme M.I.B - Mens In Black, quando Will Smith começa  a  enxergar o mundo alienígena que lhe cerca.
As pessoas não mudaram, os contextos não mudaram, são nossos olhos que passam a enxergar de outra perspectiva.
Agora que já cansei os mais fúteis com minhas citações literárias e cinematográficas posso entrar em críticas mais pesadas, pois, apenas os mais amigos e os genuinamente curiosos resistem e seguem até o fim dos TexTões no facebook ou nos blogs.
Eu disse que ser brasileiro é cansativo, e é. Ao menos para os brasileiros policarpianos (que realmente desejam um Brasil como nação).
Como não achar cansativo uma copa do Mundo que deixou como legado estádios faraônicos vazios (motivados por interesses corruptos de um acordão FIFA/BRAZIL) e endividamento de um País que não cresce, ao contrário caiu 3,8% em 2015 e agora sabemos que o rombo das contas públicas é de R$ 170,5 bilhões.
Mal nos recuperamos deste evento esportivo (roubar nosso dinheiro é esporte) e temos que engolir as Olimpíadas do Rio (que continua... lindo). Sobre estes eu poderia falar que é ridículo o Estado sede de uma Olimpíada  ter a Decretação de Calamidade Pública às vésperas do evento, poderia falar das obras incompletas, da violência urbana. Poderia falar do ridículo de termos durante o evento DOIS PRESIDENTES, um sofrendo impeachment e outro interino.
Mas apenas vou citar o que pra mim é o maior exemplo de despreparo de um povo (sei que ainda não somos um povo como descreveu Darcy Ribeiro, mas aqui o termo serve) para receber seja lá qual evento for, a saber, Nós Matamos uma Onça!
Poderia ser a metáfora sobre a nossa economia e o crescente desemprego, pois quem é trabalhador sabe bem que é a onça que representa melhor o nosso pobre salário em notinhas de cinquenta, já que a Garoupa anda sumida e tem mesmo quem nunca à conheceu, nem na mesa, nem no bolso.
Pois bem, lá estava exército, lá estava a tocha, lá estava a mídia e conseguiram a proeza de deixar a pobre da onça (que nada entende de olimpíada ou de política) escapar. E, com nossa típica incompetência, ao invés de capturá-la, o que se espera de pessoas treinadas, nós à baleamos. Matamos a onça!
Pois bem, todas estas coisas ocorreram porque somos assim. Infelizmente somos assim.
Há o esforço de alguns como vemos nas recentes operações da Polícia Federal e em atitudes isoladas em todos os setores, mas no todo, no cerne de nossa formação, ainda somos tão medíocres e pequenos  que nos assusta a simples ideia do trabalho planejado, da exaltação do saber, da austeridade em detrimento da ostentação débil e, infelimente, corrente.
Como futuro candidato tenho recebido cansativos pedidos de todo tipo. Os mais comuns são empregos, jogo de camisas de futebol, cargos futuros… Coisas que me fazem pensar em Cabral dando espelho aos Tupis.
Os mais abastados, que estão na outra ponta não me pedem nada, apenas me olham cuidadosamente e ficam à espreita, imaginando se no futuro serei um aliado ou se precisarão aumentar os impostos e taxas do meu humilde sítio, ou se meu fim será mesmo a prisão e ou o hospício. (Se você não leu Triste fim de Policarpo Quaresma não entenderá as referências e aconselho mesmo que leia).
Enfim, este TexTão que tantos odeiam não me trará votos futuros nem coisa alguma, são apenas ideias de um cara que gosta de seu cavaquinho de sua Santo André e se meteu a falar de um tal Brasil que hoje não está nas mãos dos desesperançosos e cansados brasileiros.

Helton Fesan

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