quarta-feira, 25 de janeiro de 2012

SÃO PAULO E O POVO QUE DEVORA A NOITE

Em qualquer lugar paulista é “O paulista”.

O cara estranho meio sem ginga.

Dá aquela impressão de CDF, de deslocado, tipinho meio Caxias que anda arrumadinho só pensa em dinheiro e não sabe se divertir.

É o cara de Sampa, o Paulista.

A mina de Sampa vai na mesma esteira, tipo entojadinha.

Mas é só aumentar o som que o cara folga a gravata, a mina pede outra “breja” e devagarinho se soltam na noite sem terror nem pudor.

Paulista devora a noite.

Paulista é lobo que não disfarça, é revolução sem pausa, é louco que não rasga dinheiro.

Hip Hop crú. Rock and Roll porrado na veia...

Ninguém conhece mais de noite do que o Paulista.

É que a cidade na maior parte do tempo é cinza.

Longa e fria a garoa garante que permaneçamos dentro de algum lugar, de alguma coisa ou de alguém.

Paulista devora a noite.

Vampiros urbanos, não temos tempo para elogio rasga seda.

Me odeie, tudo bem, mas beija minha boca porque preciso de sangue quente.

Em Floripa, Madrid, na Bahia, New York, São Paulo não sai de dentro de nós.

Nosso clã aumenta com nascidos e agregados, eleitos e empossados.

Não é a fala, nem a cara que nos define.

É a gana, a fome do fazer.

Dor, Paulista absorve. Problema, Paulista resolve.

É assim porque devoramos a noite.

Deixa a beleza pra quem vai, pra quem fica: o trabalho.

Nós, o povo de Sampa, somos o exótico e vemos beleza em coisas esquisitas, em gente diferente, na tez do outro.

Acende a luz e baixa o dimmer.

Anjos e fadas nos deixarão pela manhã.

O mundo observa enquanto devoramos a noite.

Helton Fesan

Nenhum comentário:

Postar um comentário