Em qualquer lugar paulista é “O paulista”.
O cara estranho meio sem ginga.
Dá aquela impressão de CDF, de deslocado, tipinho meio Caxias que anda arrumadinho só pensa em dinheiro e não sabe se divertir.
É o cara de Sampa, o Paulista.
Mas é só aumentar o som que o cara folga a gravata, a mina pede outra “breja” e devagarinho se soltam na noite sem terror nem pudor.
Paulista devora a noite.
Paulista é lobo que não disfarça, é revolução sem pausa, é louco que não rasga dinheiro.
Ninguém conhece mais de noite do que o Paulista.
É que a cidade na maior parte do tempo é cinza.
Longa e fria a garoa garante que permaneçamos dentro de algum lugar, de alguma coisa ou de alguém.
Paulista devora a noite.
Em Floripa, Madrid, na Bahia, New York, São Paulo não sai de dentro de nós.
Nosso clã aumenta com nascidos e agregados, eleitos e empossados.
Não é a fala, nem a cara que nos define.
É a gana, a fome do fazer.
Dor, Paulista absorve. Problema, Paulista resolve.
É assim porque devoramos a noite.
Deixa a beleza pra quem vai, pra quem fica: o trabalho.
Nós, o povo de Sampa, somos o exótico e vemos beleza em coisas esquisitas, em gente diferente, na tez do outro.
Acende a luz e baixa o dimmer.
Anjos e fadas nos deixarão pela manhã.
O mundo observa enquanto devoramos a noite.
Helton Fesan
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